domingo, 19 de abril de 2015

San Francisco Hotel

Nas ruas das grandes cidades circulam milhares de pessoas todos os dias, preocupadas com suas metas, o objetivo limita, cega. Cruzam por outros como se fossem apenas cenário da vida corrida, saída rápida, chegada, está atrasado! O táxi chega as 8, a reunião é as 9, as 10 de volta ao hotel! Ah, o hotel, seu ambiente reflete os transeuntes das capitais. Pessoas passam diariamente, dormem na mesma cama, que na maioria da vezes não se deitará novamente. As mobílias são frias, não existe harmonia entre elas, o ambiente não acolhe, você paga, se deita e vai embora, e não leva saudade. Apenas deixa o registro de mais um que chegou e se foi. 

O ônibus corre pela estrada que para no ponto, recolhe a passageira que no telefone lamenta suas dores, nunca mais a verei, e se  vir não me lembrarei, mas que o universo ampare o seu coração e auxilie nos seus problemas. 

As estradas carregam uma carga de saudade, quantos pensamentos de partida e despedida passaram sobre ela? Pessoas deixadas para trás, amores acabados ou separados contra a vontade. A distância somando pra menos quem queria estar próximo, adeus.

Os corações estão se tratando com formalidade, as pessoas estão como os móveis de hotel. A vida está de hora marcada, cronometrada, com relógio atrasado. O amor chega depois, você assumiu cedo demais, no próximo instante já é tarde. Andar só se tornou a solução, seus atos não cabem mais perdão nem esquecimento. 

Tv ligada, luz apagada. Fecha a conta por favor, quarto 07, peça um táxi por gentileza, pois meu ônibus é às 14:30 e estou atrasado, obrigado (eu sei você não se importa).

sábado, 11 de abril de 2015

Quem somos nós

É usual e preponderante o conselho ou já se tornou quase um mantra, que diz: seja você mesmo. Logo, lhe pergunto, quem é você? 

Somos formados por opiniões do outro, onde o que  você gosta muitas vezes é o que o outro gosta, e por apreço a este, você compactua da mesma opinião. Ou mesmo por tentar se parecer com algum ídolo ou ser que admira por determinado talento ou qualidade, faz com que você seja parecido com quem você detêm admiração. Mais comum ainda, é o fato de você querer ser aquilo que a pessoa que tumultua seu coração gosta. Neste caso você tenta preencher as qualidades do que pra esta pessoa seria o par ideal, que talvez não seja, e que possivelmente você não preencha. 

Diante disso surge a tônica, tal qual seja, este alguém que você busca ser é você? 

Somos lapidados desde pequenos a buscar em sobrenomes, características, atitudes, profissões o que supostamente seria o melhor pra nós. Sob essa influência crescemos e amadurecemos ideias, gostos e vontades que traduzem a mescla do que somos com o que deveríamos buscar, juntamente com a influência de pessoas que nós admiramos, que talvez só admiremos devido a essa primeira mistura. Portanto, definir o que somos, pode ser a pergunta mais difícil a ser respondida,  ou mesmo uma eterna pergunta em nosso caminho, que a resposta seja a caminhada. 

A infelicidade aflige os homens por se sentirem incompletos, incapazes ou mesmo frustrados por não alcançar aquilo que almeja. No entanto, entender se aquilo que se busca é de fato o que você queria ter, é uma grande passo para superar esses fantasmas que nos atormentam, seja na derrota por não obter sucesso ou mesmo quando atingido o objetivo, que depois de obtido já não serve. 

Um grande aliado no entendimento do seu eu, pode ser o distanciamento. Olhar pelo lado de fora sua própria vida pode ampliar a visão sobre o que você se tornou, e se era onde você queria estar. A distância e o tempo não permite influências externas, é neutro, age no subconsciente do ser, na matéria prima jamais tocada pela influência humana. Existe uma canção portuguesa a qual diz que primeiro há que saber sofrer, depois amar, depois partir, por fim andar sem pensamento. O propósito da viagem é a volta, andar é reconhecer. Portanto, que você busque alguém, o seu verdadeiro eu, que talvez ainda não saiba quem é, e esteja caminhando por aí sem pensar em nada.




domingo, 5 de abril de 2015

O acaso faz do amanhã uma eterna questão. 

Era domingo, triste sentimento característico de domingo, com uma dose a mais, como se tivesse errado o tempero e ficado mais forte. Na verdade, o problema é a falta  de tempero que o momento reluz. Caminhando parado, pedindo carona na rodovia que não passa carro algum, até as preces não chegam ao final, a fé está como uma lanterna com bateria no fim. Afinal, o que sou? Quem é  você?  Quem sou você. Como pode controlar assim meu estado de espírito? Como você pode mudar algo tão profundo que não tem possibilidades de ir embora? Só você tem a solução, eu não sou dono de mim. Eu sou o que você é. Minha solução virou meu problema, e o problema se tornou a sua própria solução, é igual gostar da distância e sofrer de saudade, nadar na tristeza e buscar felicidade, ter medo do escuro e apagar a luz, matar a sede e se afogar em lágrimas. Quem disse que eu não poderia me apaixonar por você estava certo. Bem verdade eu não posso amar, não sei gostar pouco, não sei sofrer de menos, não gosto de atalhos, nem meias palavras. Eu sou o que você é, eu tenho a solução para todos os seus problemas, só não consigo resolver os meus sozinhos, sem você. Em tampouco tempo me libertou de todos os fantasmas, mas sofro por você, de você. Me diz, em que você pensa quando se deita? Com o que você sonha?  Como entrou tão fácil no meu coração? Eu queria que soubesse que penso em você de uma forma constante, eu vejo com os seus olhos. Eu estou sozinho, e quero estar sozinho, mas a solidão me dói. Eu sei suas respostas, e refaço as perguntas, tão certo quanto o dia nascendo amanhã, são suas poucas palavras, que imagino o desenho de sua boca, o som surgindo até me fazer ouvir o que você não diz, o que talvez não sinta, eu sei o timbre da sua voz. Estou sentado em uma plateia onde o show está do lado de fora, vejo apenas o palco vazio. Apagaram as luzes, domingo não tem sessão, nem pipoca, algodão, tem solidão com tempero. Estou como esse lamento, sem parágrafos com anáfora, com a dor da sua saída de onde você não entrou, talvez passou na porta, que deixei aberta pra você.

Disse o louco para o são, que escreveu tudo com tinta transparente e guardou na sua caixinha de recados que ninguém leu.

 Até a próxima sessão.